PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL E SISTÊMICO

COHABITAÇÃO: um modo sustentável de morar na terceira idade  

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Lucas Parahyba

O crescente processo de industrialização e urbanização vem progressivamente alterando a natureza em beneficio dos interesses imediatos da sociedade. A extração irresponsável dos recursos naturais acompanhado do total desprezo por comunidades locais são medidas comuns para o mantimento dos níveis de produção e lucro. Hoje, caminhamos para um cenário de total desequilíbrio do meio ambiente, convivemos com um enorme abismo social e economias vulnerável. É notório o aumento do número de condomínios horizontais residenciais unifamiliares. Os chamados “condomínios fechados” são reflexo e, ao mesmo tempo, estruturas que consolidam o desperdício  de   recursos  naturais  e 

humanos e evidenciam o grande abismo social existente. São constituídos de casas com dimensões exageradas e muros altos, que cercam o loteamento e segregam os espaços, as pessoas e classes sociais. Matam o convívio dentro do bairro e geram locais de baixa qualidade urbana e insustentável. O Plano Diretor de Ordenamento do Território de Eusébio, cidade da região metropolitana de Fortaleza, Ceará, descreve a região de Guaibas como uma área de expansão de condomínios e aponta como característica do bairro uma infraestrutura insuficiente para atender a população, quase toda carente. Assim, torna-se necessário buscar soluções que intensifiquem os laços sociais intra e extra “muro” e, ao mesmo tempo, estabeleçam bases capazes de gerar uma sustentabilidade econômica, social e ambiental. Este trabalho tem como objetivo demonstrar o projeto de uma nova forma de habitar na terceira idade, a Cohabitação (Cohousing), uma nova organização que preconiza o convívio da comunidade entre si e com seu entorno, segundo uma ideologia holística e sustentável. Trata-se de uma organização residencial para terceira idade na cidade de Eusébio. O projeto de Co-habitação está fundamentado em 4 grandes conceitos: Permacultura, Cohousing sênior, Padrões de Alexander (1977) e Acessibilidade Universal. As técnicas permaculturais, baseadas em David Holmgreen, buscam se aproximar da sustentabilidade irrestrita, para cuidar da terra, das pessoas e garantir a partilha justa. O sistema Cohousing para a terceira idade tem interface com os princípios permaculturais que permite fortalecer os laços entre pessoas, buscando soluções localmente e garantindo uma menor pegada ecológica como a Canadian Senior Cohousing Society (CSCS). A construção de parâmetros de projeto utilizados baseia-se nos princípios acessibilidade universal, no método “Uma linguagem de padrões” de Christopher Alexander e nos princípios da permacultua, integrados aos padrões da natureza, afim de manter o eixo de estruturação do projeto Obteve-se como resultado uma implantação inspirada na geometria da natureza com 8 habitações e uma “casa-mãe“, com materiais e técnicas locais de construção, visando o controle ambiental adequado para o clima da região. Uma solução harmoniosa e respeitosa com os moradores e com a comunidade do entorno, de forma a evitar a gentrificação, a exclusão social e os impactos ambientais. Os moradores da Cohousing atuam como agentes de transformação local, utilizando os conhecimentos alcançados na terceira idade, disponibilizando vários recursos humanos e de bem estar social para a população local, como aulas de reforço, cinema e biblioteca. Uma nova estrutura focada no novo paradigma do “cuidado”.